sexta-feira, 19 de outubro de 2012

BREVE HISTÓRICO DO CURRÍCULO


                                            BREVE HISTÓRICO DO CURRÍCULO

Para a construção desse artigo que tem como enfoque analisar do currículo prescrito ao currículo oculto, consideramos de extrema importância fazermos um breve histórico sobre a história do Currículo. Segundo Silva (2002) o currículo, como um campo de estudo delimitado, emergiu especialmente  nos Estados Unidos, nas primeiras décadas do século XX.  Os primeiros estudos do campo, neste país, foram realizados em função de proporcionar um melhor planejamento curricular, baseado na eficiência e na racionalização do trabalho escolar.  Com influências marcantes da experiência norte-americana, no Brasil, o campo do currículo ganhou visibilidade nas décadas de 1960 e 1970, quando especialistas  brasileiros  elegeram  a  preocupação  com  a  construção "científica",  na  escola,  de  um  ambiente  que  pudesse  proporcionar  aos  educandos possibilidades de instrumentalização para a obtenção de metas pré-definidas.
 A incorporação desse movimento associado ao pensamento de teóricos  americanos,  na  época,  levantou  o tecnicismo, nomenclatura utilizada por toda a área educacional para se referir, tanto a práticas pedagógicas quanto à concepção de educação.  Somente por volta de 1970, é que surgiram, na Inglaterra, e posteriormente,  nos  Estados  Unidos,  os  estudos  críticos  do  campo  curricular.  Estes estudos  romperam  com  a  visão  tecnicista  imperante  e  introduziram  conceitos  que buscavam compreender e explicar as diversas relações que ocorrem no currículo, assim como os  processos  de  seleção  e  organização  dos  conhecimentos  escolares.    Esta  visão  crítica  dá início, então, a uma discussão sobre a relação entre a estratificação dos saberes escolares e a estratificação  social. 
 No Brasil, somente no final da década de 1980  é  que  as  discussões  em torno do currículo focaram sua atenção para a seleção do conhecimento escolar e seus efeitos nos resultados de aprendizagem das crianças brasileiras, influenciadas pelos estudos da teoria crítica de currículo, acontecidas dos Estados Unidos e Inglaterra, principalmente. 
De certa forma, então, um currículo guarda estreita correspondência com a cultura na qual ele se organizou, de modo que ao analisarmos um determinado currículo, poderemos inferir não só os conteúdos que, explícita ou  implicitamente,  são vistos como  importantes  naquela  cultura, como,  também, de que maneira aquela cultura prioriza  alguns  conteúdos  em  detrimento  de  outros,  isto  é,  podemos  inferir  quais foram  os  critérios  de  escolha  que  guiaram  os  professores,  administradores, curriculistas  etc.  que  montaram  aquele  currículo.    Esse é o  motivo  pelo  qual  o currículo  se situa no cruzamento entre a escola e a cultura. (VEIGA-NETO, 2002, p.44)
Assim, como apresenta Souza (2008), se todo currículo ou programa de estudos opera uma seleção no interior da cultura, daí decorre a importância das escolas como instâncias de preservação da herança cultural de uma época.
Dessa forma, ao discutirmos a diversidade cultural, não podemos nos esquecer de pontuar que ela se dá lado a lado com a construção dos  processos de identidades. Assim como a diversidade, a identidade, enquanto processo, não é inata. Ela se constrói em determinado contexto histórico, social, político e cultural. Jacques d’Adesky (2001) destaca que a identidade, para se constituir como realidade, pressupõe uma interação. A idéia que um indivíduo faz de si mesmo, é intermediada pelo reconhecimento obtido dos outros em decorrência de sua ação.
Tomaz Tadeu da Silva elaborou um mapa dos estudos  sobre currículo, desde  sua gênese nos anos vinte, onde aparecem três categorias de teorias do currículo, com base nos conceitos que são enfatizados. As teorias tradicionais enfatizam “ensino, aprendizagem, avaliação metodologia, didática, organização, planejamento, eficiência, objetivos”. As  teorias críticas enfatizam “ideologia, reprodução cultural e social, poder, classe social, capitalismo, relações sociais de produção, conscientização, emancipação e libertação, currículo oculto e resistência”. Finalmente, as teorias pós-críticas enfatizam “identidade, alteridade, diferença, subjetividade, significação e discurso, saber-poder, representação, cultura, gênero, raça, etnia, sexualidade, multiculturalismo” (1995, p. 17).

Assista o vídeo abaixo e faça uma reflexão:





4 comentários: